Na manhã fria do dia
13 de novembro de 2012, o auditório Jean Gailhac esteve ao rubro a ouvir o
escritor António Mota.
O escritor começou por falar dos
livros que lhe surgem como uma chama e que vão nascendo pouco a pouco,
escolhendo sempre duas músicas instrumentais que acompanham cada processo de
criação e que ele diz serem as suas muletas. Ele vai-se inspirando um pouco em
tudo: nas caminhadas, nas paisagens, no andar de comboio… Normalmente, demora
oito a nove meses a escrever um livro. Escreve duas páginas por dia, cerca de
50 linhas em letra “Times New Roman”, tamanho 10. Escreve devagar, hesita,
consulta o dicionário, “mastiga” as frases até achar que está tudo bem. Mas, no
dia seguinte, volta a ler tudo o que escreveu e faz mais algumas correções, se
necessário. Normalmente, escreve sempre a data em que termina de escrever o
livro, mas raramente faz dedicatórias.
Deu-nos a conhecer a sua infância, o
nadar no rio, o pescar trutas, o subir à torre da igreja, o tocar do sino, a
prenda especial que recebeu (uma cabra da qual tinha que cuidar), a importância
de escutarmos as histórias dos nossos avós.
Contou-nos, ainda, que foi professor
do primeiro ciclo durante trinta e quatro anos e que visita escolas há já
trinta anos, para ir dando a conhecer os oitenta e seis livros que já escreveu.
Fez muitas sugestões de leitura,
como “As andanças do senhor Fortes”(que troca a vida agitada da cidade pela
tranquilidade do campo), “Histórias às Cores” (o seu último livro, lançado no
dia 10 de novembro), “O Sapateiro e os Anões”(conto tradicional), livros da
coleção “Se eu fosse…”(direcionado para os mais novos), “O Rapaz de Louredo”(o
primeiro livro que escreveu para jovens), “Fora de serviço”(um livro em que a
mãe faz greve das suas rotinas domésticas), “A Terra do Anjo Azul”(livro
passado em ambiente rural, em que um menino vai vestido de anjo numa procissão
e não conseguiu ir a tempo à casa de banho, do que decorreu um pequeno incidente)
, “Cortei as tranças”(uma aluna do 6º ano que não gostava de estudar) e “Outros
tempos”(para os leitores adultos).
Em relação ao livro “Pinguim”, obra de estudo para os alunos
do 5.º ano, a história, segundo conta o autor, surgiu por causa de um cão que
ofereceu ao filho, que adoeceu e teve de ser abatido, mas que deixou muitas
saudades no seio familiar. Disse, ainda, que o seu primeiro livro, “A Aldeia
das Flores”, o escreveu sentado num carvalho.
Disse que se não tivesse lido, não era escritor, que o
melhor prémio para ele é ter leitores e incitou todos a ler, porque “ler não
engorda”. Sabe que nem todos seremos escritores, mas se lermos, certamente
escreveremos todos muito melhor!
Agradecemos às nossas professoras de
Português esta oportunidade e esperemos que, para o ano, possamos contactar com
mais um escritor da nossa literatura para nos tornarmos muitos e bons leitores.