Dando sequência ao concurso sobre Texto
Dramático, realizado pela Biblioteca da nossa escola, apresentamos os
respetivos vencedores:
2.º ciclo - João Francisco Marques - 6.º A
3.º ciclo - Beatriz Graça - 7.º D
A Congregação
Narrador: Há muitos anos atrás, numa pequena aldeia,
caiu um meteorito, num dia de festa (Aparece
o meteorito) O meteorito despertou a atenção de todos: as crianças deixaram
de brincar (Crianças param), os
adultos pararam de conversar (Adultos
param) e até os animais deixaram o que estavam a fazer (Animais param). O meteorito, grande e brilhante, explodiu e deu
lugar a um pequeno bebé.
Bebé: Olá, eu
sou o Mensageiro do Universo, mas a minha alcunha é MU. (Pausa) Então é assim. (Abre
o pergaminho) Segundo esta coisa, daqui a cem anos, provavelmente já estão
todos mortos, vai-se formar aqui um lago, porque vai chover muito. Esse lago
vai ser muito especial, vai conter quatro fantasmas com poderes especiais e que
vão salvar o mundo. Agora tenho de ir, vou a Marte dizer-lhes que vão voltar a
ter água no estado líquido.
(Vai
embora)
Narrador: Todos
tiveram a mesma reação: desmaiaram, excepto uma criança, a Mariana, uma menina
de sete anos. Esta começou a brilhar muito e elevou-se no céu. (Mariana sobe) Quando voltou ao normal,
todos acordaram e ficaram normais, mas a cabeça de Mariana estava em fogo.
(Vão-se
todos embora e entra a mãe da Mariana)
Mãe da Mariana: (Cara de zangada) Mariana!
(Entra a Mariana) Minha menina,
diz-me o que é que te aconteceu porque estás bastante vermelha.
Mariana: (Sussurrar) Não me sinto muito bem,
estou em fogo!
Narrador: Aquela
palavra: «fogo», pronunciada em ato de desespero, mas, ao mesmo tempo, de
conforto foi a chave para o que se estava a aproximar. (Vão-se todos embora e aparece Mariana em grande). Os anos foram
passando e Mariana foi crescendo quente e brilhante. Todos lhe perguntavam o
que se passava. (Aparecem pessoas que
olham para ela) Ela afirmava que tinha sido afetada pela doença do fogo e
que esta era para toda a vida. Todos à sua volta iam morrendo. (Vão embora e aparecem as crianças) Mas
deixavam descendência, é claro. Mariana via-se sozinha, mas não estava só
porque se tinha casado com o José, (Aparece
o José) um homem de negócios e que viajava muito, talvez demais.
Mariana: José,
não vás, meu amor!
José: Tem que
ser, agora que temos a Beatriz, não queremos que lhe falte nada.
(Aparece
a Beatriz)
Beatriz: Pai, já
vais?
José: Tenho de
ir, minha querida, eu não quero que te falte nada.
Beatriz: A única
coisa que me falta és tu, pai!
José: Tu sabes
que eu te adoro, mas és muito nova para compreender. (Vai-se embora)
Beatriz: Tu vais
deixá-lo ir assim?
Mariana: Ele só
quer o melhor para ti.
Narrador: Era
sempre assim, Beatriz sentia muito a falta do pai
(Mariana
vai embora e entram as crianças)
Narrador: Estava um
dia Beatriz a brincar com os amigos, quando chega a sua mãe.
(Mariana
entra com uma carta na mão)
Mariana: (Chorar) Minha filha, durante a
viagem houve um acidente e não houve sobreviventes.
Beatriz: (Chorar) Mãe, diz-me que o pai não
estava lá.
Mariana: (Acena) Estava e agora partiu.
(Beatriz
abraça mãe)
Narrador: Isto foi
um desastre para a mãe e para a filha, que tiveram tanto tempo abraçadas que
nem deram conta que as crianças tinham ido embora.
(Crianças
saem)
Beatriz: Porquê?
Mariana: Anda,
filha.
(Ambas
saem)
Narrador: Apesar de
viúva, Mariana tinha a sua filha. Mas esta, passado algum tempo, adoeceu.
Beatriz: Não me
sinto bem.
Mariana: (Cara de espanto) Beatriz,
tu estás pálida como tudo e tens a cara toda molhada.
Beatriz: Eu sei
mãe. (Gritar) Água.
Narrador: Outra
palavra que ficava guardada. Fogo e Água, mãe e filha. Beatriz melhorou e
Mariana ficou sem aquele ar quente e brilhante. Ela pensava que a sua doença
tinha acabado, mas, pelo contrário, ela estava a morrer.
(Pausa)
Narrador: Um dia,
naquela pequena aldeia, anunciaram a chegada de uma feiticeira. Esta, podia
curar tudo.
(Entra a
feiticeira)
Feiticeira: O que é
que aconteceu?
Beatriz: Está a
morrer.
Feiticeira: Eu acho
que a posso curar.
Narrador: A
feiticeira disse umas palavras, lançou pós ao ar e no final, Mariana estava
como nova.
Beatriz: Ó mãe,
ainda bem que melhoraste! Eu não conseguia viver sem ti.
Feiticeira: Devia
descansar. (Tira garrafa da mala) Beba
isto, vai fazer-lhe bem.
Narrador: A
feiticeira foi embora daquela terra.
(Feiticeira sai) Mariana achava que ainda não tinha visto nada do mundo,
então, partiu para fazer uma aventura: dar a volta ao mundo.
Mariana: Não vai demorar nada.
Beatriz: Vai, mas se te faz mais feliz, podes ir.
(Saem e
entra Beatriz mais velha acompanhada por uma amiga, a Verónica)
Verónica: Estou
deserta para encontrar o amor da minha vida, a minha alma gémea, o meu coração.
Beatriz: Eu cá,
não tenho pressa nenhuma, mas sei que quando o vir, vou saber.
(Aparece
Alex)
Beatriz: (Aponta para o rapaz) É ele! (Cai)
Alex: (Corre
para junto dela) Estás bem?
Beatriz: Sim, foi
o choque da tua beleza.
Narrador: A partir
dai, nunca mais se separaram, casaram e tiveram uma filha. (Aparece a Elisa) Alex sempre foi um homem de família, estava
sempre deserto para voltar para junto da sua mulher e filha. Apesar de ele ser
estrangeiro, tinha sido bem recebido e, por isso, não tinha inimigos.
Alex: Vou
buscar a Elisa à escola, volto já.
Narrador: Dizia
isto todo os dias e voltava sempre alegre.
(Aparece Verónica)
Verónica: Olá,
recebi por engano uma carta da tua mãe, está descansada que não a abri.
Beatriz: Obrigada,
Verónica.
Verónica: De nada,
adeus!
Beatriz: Adeus.
(Verónica sai e entra Elisa e Alex)
Beatriz: Olá
família! Olhem, sabem quem é que me enviou uma carta? A minha mãe, a Mariana.
Narrador: Na
carta, Mariana falava do mundo, da sua felicidade, das saudades que tinha e que
ia voltar em breve. Beatriz escreveu-lhe de volta.
(Elisa
finge que vomita para o balde)
Alex: Filha, porque
é que estás a vomitar, estás bem?
Elisa: (Aflita) Não consigo respirar. Ar.
Narrador: Por
enquanto já se tinham formado três gerações de mulheres especiais, cada uma com
um dos elementos.
Beatriz: Filha,
temos que te levar ao hospital!
(Mariana
entra)
Mariana: Não têm
não. Eu sei um curativo muito mais eficaz.
Narrador: Mariana
fez o curativo e Elisa melhorou. (Pausa) Os
anos foram passando e Elisa foi crescendo.
(Sai Elisa em criança e entra ela maior)
Beatriz:
Agora
que já tens idade suficiente podes ficar sozinha por uns dias.
Alex: Eu e a
tua mãe vamos ver também um pouco do mundo.
Mariana:
Eu
convidei os teus pais para irem a um dos sítios onde eu fui.
(Alex,
Beatriz e Mariana saem)
Elisa: Também
queria ir, porque é que me deixaram cá?
(Aparece
António)
António: Será que
é porque mais tarde quererás ver tudo com a família que construíres?
Elisa: Deve ser
isso.
Narrador: António
e Elisa foram-se aproximando, casaram e tiveram uma menina, a Teresa, uma
rapariga muito solidária.
(Aparece Alex, Mariana e Beatriz)
Elisa: Voltaram
finalmente!
António: Finalmente
tenho o prazer de vos conhecer.
Mariana: Foi muito divertido.
Beatriz: Depois
temos de vos levar lá.
Teresa: Concordo.
Elisa: Sim.
Teresa: Bisavó
Mariana, como é que tens um aspeto tão jovem?
Mariana: Sou imortal, tal como todos os membros desta família.
Narrador: Passado
algum tempo, Teresa adoece, mas com a ajuda de uma flor que lhe fora oferecida,
conseguiu recuperar do coma. Quando acordou, a primeira palavra que disse foi:
«terra». A quarta palavra e a que fazia a última ligação entre os elementos. Concluídos
os cem anos, tal como o Mensageiro do Universo dissera, choveu torrencialmente
e formou-se um lago. (Aparece o lago)
Em redor deste, a vida continuou.
Dentro do lago, vivia uma família imortal, cada uma com o seu
elemento, poder: a Mariana com o fogo, a Beatriz com a água, a Elisa com o ar e
a Teresa com a terra e os respetivos maridos. Mariana: Olhem eu
tive uma ideia: nós temos poderes e porque é que não os aproveitamos?
Formávamos uma espécie de grupo e dedicávamo-nos a ajudar as pessoas.
Todos: (Em coro) A Congregação!